ENTREVISTAMOS NADAI, OU ARTISIAN BPM, FOTÓGRAFO E VIDEOMAKER RESPONSÁVEL PELA IDENTIDADE VISUAL INEBRIANTE DO DJ MOCHAKK

Foto: @qifotomassa

Ingresse:
Nadai, que prazer enorme falar com você! Obrigada por topar bater esse papo com a gente!

Aqui na Ingresse, a gente já te acompanha faz algum tempo e somos grandes fãs do seu trabalho!

Você é de Goiânia, e comentou em entrevista pra House Mag que começou a filmar porque queria captar seus amigos andando de skate. Até hoje vejo que o skate faz parte da sua vida e sua rotina. Você acha que esse começo envolvido com esporte e vídeos em movimento ajudou você a encontrar seu estilo hoje?

Artisian:
O skate fez parte de muita coisa na minha vida, me colocou em diversos caminhos que eu provavelmente não faria. De influências musicais até o audiovisual, o skate me ensinou muita coisa, me fez ter outras perspectivas…

De cidades e suas arquiteturas, de pessoas e seus estilos de vida e também sua poética visual.

Ingresse:
Antes de trabalhar com o Mochakk, você fez vídeo pra bailes de Funk e muitos outros artistas. Você já sonhava em tocar antes de conhecer a cena da música eletrônica?

Artisian:
Desde quando comecei a trabalhar com DJs, surgiu esse interesse. Achava interessante ver o que estava rolando ali no mixer, sempre fui meio intrigado e isso acabou me influenciando a estudar discotecagem e eventualmente música e produção.

"Tem uma coisa que uma galera não pega as vezes, o vídeo todo não tem nenhuma edição, é tudo feito na mão na hora da gravação. O zoom e o acompanhamento da câmera, sou eu quem faz, ali, no meio da galera mesmo." - Artisian para HouseMag 2022

Ingresse:
A identidade visual hipnótica que você criou pro Mochakk é uma das grandes responsáveis pelo boom que ele teve na internet. A combinação da performance dele com o seu olhar deixam todo mundo vidrado. Como surgiu essa inspiração?

Foto: @luizasavioigi

Artisian:
Acaba que eu “sempre” filmei assim, adotei sim, novos artifícios, que resultaram no estilo de vídeo que faço hoje, mas eu já era  de acompanhar os movimentos de quem eu estava filmando, era o que fazia sentido pra mim e trazia uma dinâmica a mais pros vídeos.

Colocando em uma certa perspectiva, eu vejo a câmera como um personagem, um ator, uma peça. Dependendo do jeito que você a opera, você pode, ou não, dar voz a ela, dar significado pros seus movimentos ou falta deles, e eu sempre gostei dessa ideia.

Ingresse:
Tem um vídeo maravilhoso seu fazendo a coreografia junto com o Mochakk, super sincronizados. Vocês praticam os sets em casa, ou você foi pegando o jeito dele com o tempo? É impressionante como vocês tem uma conexão absurda.

Artisian:
Jamais kkkkk, nunca rolou nenhum tipo de ensaio, é uma mistura de conhecimentos da dança com o tempo que venho rodando com ele. É quase instintivo, até certo ponto, e imagino que pra ele seja a mesma coisa.

Ingresse:
Conta mais pra gente sobre essa sua técnica handheld? Como você consegue manter o foco perfeito mesmo quando está mudando o zoom?

Artisian:
Sem segredo algum, é prática. Conhecer seu equipamento e como ele se comporta para o que você está fazendo. Acaba que o foco nem é tão perfeito assim, tem vezes que eu apanho até, mas o resultado final me agrada na maioria das vezes.

Ingresse:
Além dos vídeos dos sets, você também tem feito um conteúdo muito massa das viagens de vocês pelo mundo, que mistura cenas mais pensadas com alguns momentos de backstage únicos. Conta pra gente como você constrói essa narrativa?

Artisian:
Nada é necessariamente planejado, até certo ponto. Antes de começar cada tour, eu não tenho nada em mente, até porque não tem como eu saber o que vai rolar, mas conforme a tour vai passando, eu vou imaginando algumas formas de montar o vídeo. Alguns takes que combinariam bem seguidos um do outro e técnicas de montagem pra fazer o vídeo final fluir bem.

Ingresse:
Além de videomaker e fotógrafo, você também é DJ e produtor musical. Como você vê a relação entre o conteúdo que você produz em vídeo e sua identidade como músico?

Artisian:
A música sempre conversou muito comigo, de uma forma geral e também sempre fez parte do meu trabalho. Desde a época em que comecei a fazer fotos profissionalmente, comecei a caminhar pro rumo de eventos e artistas. Acaba que, no fim das contas, tive muitas referências sonoras de qualidade e ter essas fontes moldou alguns dos meus gostos dentro da música.

Ingresse:
Colombia, Ibiza, Argentina, Estados Unidos, Canadá, Espanha, Inglaterra, Itália, Grécia, Portugal, Croácia… Esse ano vocês viajaram pra muuitos lugares do mundo. Como você tem feito pra conciliar viagens, produção de conteúdo e edição? Faltam horas no dia?

Artisian:
É complicado conseguir organizar tudo.

Muito material, de vários lugares diferentes e muitas vezes não tem tempo pra editar. A gente passa muito tempo transitando de um lugar pra outro, o que acaba não sendo muito prático quando o assunto é edição, mas sempre procurando um momento que dê pra abrir os projetos.

Ingresse:
Conta pra gente a história mais doida que você viveu esse ano aí pelo mundo enquanto trabalhava.

Artisian:
Tudo meio que é uma loucura. Principalmente pelo fato de que nossa vida mudou do dia pra noite. Aos poucos eu vou acostumando com essa nova levada, mas às vezes ainda me pego em momentos que estou com pessoas que nunca achei que iria conhecer, em cidades que eu não imaginava visitar e vivendo momentos verdadeiramente únicos.

Ingresse:
No festival dos seus sonhos, quem tá tocando e quem tá no front curtindo com você?

Artisian:
Nem precisa ir longe, se juntar nossos amigos da pra montar o line e o front mais cabuloso que esse país já viu.

Ingresse:
Qual a maior lição que você aprendeu até aqui na sua trajetória?

Artisian:
Com todas as letras: Menos é mais.

Sempre foi e sempre vai ser.

Foto: artisian.bpm